Painel

“Com dados se aprende, com dados se ilude: desafios da literacia estatística”

A temática “com dados se aprende, com dados se ilude: desafios da literacia estatística” é abrangente e remete-nos para a natureza da estatística, para a sua aprendizagem e para o modo como socialmente lidamos com a estatística. Portanto, muitas pontas soltas podem ser puxadas.

Com dados se aprende é inquestionável!
Vários estudos estatísticos nos orientam, para aspetos importantes da nossa vida, politicamente, economicamente e socialmente. Somos, sem dúvida, uma sociedade ”estatisticamente literada”.
Neste painel abordarei a questão da sensibilização para a recolha de dados, ao nível da sala de aula, para que não sejamos iludidos pelos “dados”!                                                        

(Maria Eugénia Graça Martins)

Desafios da literacia estatística: perceção de alunos do 9.º ano
A nossa partilha centra-se nas aulas de matemática dedicadas à resolução de atividades. Aqui, foram criados momentos de reflexão e debate, com vista à recuperação das aprendizagens, segundo o Plano 21|23 – Escola+, nos diversos domínios. Os alunos foram dispostos em pequenos grupos, para realizarem algumas atividades sobre estatística. O objetivo principal da atividade foi a consolidação dos conceitos e procedimentos, trabalhados ao longo do ensino básico, por um lado, e por outro, melhorar a comunicação e raciocínios matemáticos, na resolução do conjunto de questões propostas. Procurou-se também, compreender os processos desencadeados durante a resolução e ainda, quais os conceitos mobilizados e os motivos da sua utilização. Os dados numéricos das atividades propostas apresentavam informação organizada de diferentes formas, com o objetivo de conhecer as “fragilidades” mais persistentes, por forma a conseguirmos a sua superação.
Docentes envolvidas na implementação: Maria José Carvalho e Rosa Silva                               

(Maria José Carvalho)

Desafios da literacia estatística: ler entre os dados
No final dos anos 80 do século passado, Curcio estabeleceu três níveis de compreensão de um gráfico estatístico. Podemos incorporar esta taxonomia num domínio mais lato, não necessariamente centrada apenas na leitura e interpretação de gráficos. Na realidade, faz sentido dizer que a Literacia Estatística envolve, similarmente, três níveis de compreensão: ler os dados (a que corresponde identificar a informação explícita em gráficos/textos/números), ler entre os dados (a que corresponde interpretar e organizar a informação fornecida em gráficos/textos/números, combinando e integrando informação com conhecimento prévio e envolvendo conceitos e competências matemáticas) e ler para além dos dados (a que corresponde saber inferir ou extrair informação implícita de gráficos/textos/números, projetando-os no futuro e colocando mais questões sobre os mesmos).
Centrando-nos no segundo nível, discutiremos alguns desafios da literacia estatística partindo de exemplos simples, do dia-a-dia, que ilustram a importância do saber ler entre os dados. 

(Adelaide Freitas)


Problemas de qualidade com o dilúvio dos dados:  um quadro conceptual
O dilúvio de grandes volumes de dados (Big data deluge) é um cenário em que são gerados mais dados do que aqueles que podem ser geridos ou analisados com êxito e eficiência. Problemas de qualidade como outliers, dados em falta, subcobertura, éticos, entre outros, são comuns em fontes de Big Data e dificultam a sua integração como dados úteis, nomeadamente nas estatísticas oficiais.
Nesta apresentação iremos propor um novo quadro conceptual, ainda em construção, que permite compreender as dimensões da qualidade em estatísticas oficiais e relacioná-las com a literacia estatística. Entendemos que será possível, assim, alertar o utilizador comum para a necessária qualidade dos dados, de forma a que este possa tomar decisões informadas.

(Pedro Campos)

Neste painel, contamos com a participação de:

Maria Eugénia da Graça Martins – Professora aposentada do Departamento de Estatística e Investigação Operacional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Esteve envolvida na elaboração das Aprendizagens Essenciais no Secundário e colaborou no ALEA

Adelaide Freitas – Professora Associada do Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro e Responsável Científico do Grupo Probabilidades e Estatística da Unidade de Investigação CIDMA

Pedro Campos – Professor Associado, Faculdade de Economia da Universidade do Porto, em comissão de serviço no Instituto Nacional de Estatística e colaborou no ALEA

Maria José Carvalho – Professora Efetiva no Agrupamento de Escolas D. Pedro I, em Vila Nova de Gaia e doutora em Estatística

Moderador:

J. Bernardino Lopes – CIDTFF, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro